quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Bolsonaro lamenta declaração de Eduardo e diz que quem fala em AI-5 "está sonhando"



Publicado em 31/10/2019 16:53


(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro lamentou nesta quinta-feira a declaração de seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que é deputado federal, sobre a possível edição de um novo Ato Institucional nº 5 (AI-5) caso a esquerda se radicalize no país, mas declarou que não estava sabendo do comentário.
"Quem quer que esteja falando de AI-5 está sonhando. Está sonhando! Está sonhando!, disse Bolsonaro a jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada.
Indagado se cobraria seu filho pela declaração, o presidente mostrou irritação. "Cobre você dele. Ele (Eduardo) é independente, tem 35 anos. Se ele falou isso, eu não estou sabendo, eu lamento. Lamento muito", disse.
Em entrevista à jornalista Leda Nagle, divulgada no Youtube, Eduardo disse que a edição de um novo AI-5, instrumento que marcou o endurecimento da ditadura militar no país, poderia ser a resposta do governo do pai a uma eventual radicalização da esquerda.
A declaração foi rechaçada pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que a classificou de "repugnante", e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que qualificou como "um absurdo" e como "inadmissível afronta à Constituição".
Não é a primeira vez que Eduardo gera polêmica com declarações de viés autoritário. Durante a campanha eleitoral do ano passado, o parlamentar, que foi o deputado federa mais votado da história do país, disse que seriam necessários apenas um soldado e um cabo em um jipe para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ocasião, Bolsonaro reagiu à fala do filho afirmando que "advertiu o garoto", e Eduardo se desculpou pela fala.
O presidente pretendia indicar o filho para embaixador do Brasil nos Estados Unidos, mas diante da falta de apoio no Senado, que precisa referendar a indicação, e de uma briga interna no PSL que fez com que o deputado assumisse a liderança da legenda na Câmara dos Deputados, Eduardo anunciou que abria mão da indicação.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)
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Fonte: Reuters

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