quinta-feira, 29 de maio de 2014

Crise no setor coloca em xeque o futuro do etanol no Brasil

Crise no setor coloca em xeque o futuro do etanol no Brasil O setor sucroalcooleiro vive a pior crise de sua história Nos últimos seis anos, 40 usinas fecharam as portas, enquanto o endividamento do segmento superou R$ 40 bilhões na safra passada, alta de 8% em relação ao período anterior. Há estimativas de que mais de 30% do faturamento do segmento estão ligados a dívidas financeiras. A alta de custos, com salários mais altos e investimento em mecanização, tem se combinado ao clima severo nos últimos três anos e à política de controle do preço da gasolina pelo governo federal, que reduziu a atratividade do etanol. Em 2008, as 11 usinas instaladas em Mato Grosso do Sul chegaram a moer 14 milhões de toneladas de cana de açúcar. Cinco anos depois, o número de usinas dobrou, chegando a 22, que movimentaram 41 milhões de toneladas. São ocupados 750 mil hectares de terras, sendo que há oito milhões em áreas disponíveis. "Hoje as usinas poderiam aumentar sua capacidade para 70 milhões de toneladas, sendo que poderiam fazer etanol, açúcar e gerar bioeletricidade, mas com a situação atual fica difícil investir", afirma o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Roberto Holanda Filho. Segundo ele, não há investimentos previstos em novas usinas ou na modernização das atuais que, com caldeiras mais eficientes, poderiam gerar um excedente de energia elétrica. "Outro problema é que o setor de biomassa compete com as eólicas nos leilões do governo federal, o que inibe", avalia o executivo. Esse cenário coloca em dúvida o futuro do setor. Em 2009, o Brasil não importava gasolina. Quatro anos depois, tudo se inverteu: 12% da gasolina usada no país é importada, sendo que foram gastos US$ 3 bilhões em compras externas do derivado do petróleo no ano passado. "Houve uma completa desarticulação e, mesmo se essa política de controle da gasolina for alterada, levará tempo para que o setor recupere a confiança e reinvista", diz o professor da Universidade Federal de Itajubá, Luiz Augusto Horta. Nos cálculos do presidente da Datagro, Plínio Nastari, o etanol está sendo vendido abaixo do seu preço de oportunidade, com uma defasagem de 18,6% em relação à gasolina, segundo estimativas da segunda semana de maio. Em dois anos, ele calcula uma perda de R$ 5,4 bilhões apenas para o álcool anidro. Isso cria um grande desafio. O futuro do setor nos próximos dez anos estará ligado intrinsecamente à política de preços dos derivados de petróleo. Em 2003, a frota de carros flex no Brasil era de 0,3% do total de veículos que circulavam pelas ruas. Dez anos depois, esse número chegou a 63% da frota. Em 2020, deve atingir 85% e em 2024 poderá alcançar 93%. Isso trará pressão sobre o mercado de combustíveis, ampliando a demanda por diesel, gasolina e etanol. Nas suas contas, o consumo de etanol, hoje em pouco mais de 23 bilhões de litros, teria de subir para 32 bilhões a 40 bilhões de litros em 2022 para atender à demanda em alta, com base na hipótese de que 20% a 30% de etanol seja usado na frota de veículos. "Mesmo sem um crescimento forte do mercado de etanol, será preciso haver uma alta da produção do biocombustível para acompanhar o crescimento do mercado", diz Nastari. . . .. Data de Publicação: 29/05/2014 às 18:00hs Fonte: Idea Online . ... . . . . . . . . ... . .. ... . .

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