sexta-feira, 2 de maio de 2014
Pequenos produtores seguram setor de máquinas, diz Valtra
Pequenos produtores seguram setor de máquinas, diz Valtra
Com as quedas nas vendas de máquinas agrícolas, pequenos e médios produtores são os responsáveis pela estabilidade do mercado
Com as quedas nas vendas de máquinas agrícolas, pequenos e médios produtores são os responsáveis pela estabilidade do mercado. É a opinião do diretor da Valtra, Paulo Beraldi, empresa de forte presença no setor de maquinaria para agricultura, instalada no Brasil desde 1960, pertencente ao Grupo AGCO. De acordo com o executivo, os produtores de menor porte têm segurado não só as vendas da companhia, como o segmento como um todo. As declarações foram dadas durante a 21ª Agrishow, que termina hoje em Ribeirão Preto (SP).
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que as vendas internas de máquinas agrícolas no atacado atingiram 5.533 unidades em março, baixa de 1,2% na comparação com o mês anterior e recuo de 24,4% sobre os últimos 12 meses. As vendas do segmento acumulam queda de 21,3% de janeiro a março deste ano sobre o mesmo período de 2013, para 14.906 unidades.
"Apesar de não estarmos em um ano bom, temos que lembrar que, em 2004, este era um mercado de 30 mil tratores, agora é um mercado de 50 mil. Na primeira Agrishow vendemos 150 máquinas. O mercado pulou patamares muito rapidamente, houve uma renovação da frota e isso sustenta o mercado nos números que temos hoje", avalia o diretor.
Beraldi explica que, em momentos em que o produtor está em crise - como as ocasionados por quebra de safra e problemas climáticos - há uma hierarquia para o destino dos investimentos. "Primeiro ele compra implemento, depois trator, depois uma colheitadeira. Então, se está numa crise, ele vai comprar o implemento, vai demorar para trocar o trator e demorar mais ainda pra trocar a colheitadeira", diz.
Outro fator que tem beneficiado os pequenos produtores é a dificuldade de obtenção de crédito por parte dos agricultores de maior porte. O executivo da Valtra explica que houve uma mudança nas regras do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), somado ao aumento nas taxas de juros - com as constantes elevações da taxa Selic a fim de conter os índices de inflação - e a turbulência no setor agrário no início do ano, em consequência de chuvas excessivas em alguns pontos e estiagem nos demais, principalmente no Centro-Sul. Isto colaborou para que as análises de crédito ficassem mais rigorosas e o processo se tornasse mais lento para o pequeno produtor.
"Em contrapartida, estão programas como o Mais Alimentos do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] que auxiliam o pequeno produtor. Os menores estão com mais acesso ao crédito", destaca Beraldi.
O Mais alimentos é uma linha de crédito que permite ao agricultor familiar investir em modernização e aquisição de máquinas, novos equipamentos para expansão, correção e recuperação de solos, resfriadores de leite, melhoria genética, irrigação, implantação de pomares, estufas e armazenagem. O limite de crédito é de R$ 150 mil por ano/agrícola, limitado a R$ 300 mil no total, que podem ser pagos em até dez anos, com até três anos de carência e juro de 2% ao ano. Para operações de até R$ 10 mil, os juros são de 1% ao ano.
O diretor de produto da AGCO, Jak Torretta, lembra que estes produtores menores estão sendo tão importantes para o mercado, que a Valtra lançou uma linha de produtores específica a eles, chamada série A.
Apesar da situação desfavorável até o momento, as perspectivas da Valtra são positivas em se tratando de investimento. "Costumamos investir US$ 67 milhões anualmente, em 2014 manteremos este nível, não em expansão mas na criação de tecnologias e um foco grande em agricultura de precisão", afirma Tornetta.
Entre os anos de 2011 e 2013, a companhia registrou um crescimento na casa dos 60% e os maiores investimentos foram na América do Sul.
Segundo o diretor de produto, empreender em tecnologia traz maiores retornos à empresa porque o produtor visa o custo benefício antes de fazer a aquisição de um bem durável. "Preço já não é o fator principal na decisão de compra, é importante, mas o comprador visa como ele pode reduzir custos em sua produção e quanto ganha em produtividade. No caso da agricultura de precisão, o ruralista perdeu o medo de aderir quando começou a mexer no celular [smartphone] e percebeu quantas facilidades e controle poderia ter nas mãos", diz.
Beraldi acredita que a queda no mercado de máquinas agrícolas é passageira e, na contramão de muitos analistas, o diretor avalia que a crise no setor sucroalcooleiro pode ter sinais de melhora a partir do próximo ano.
"Prevemos um mercado com 57 mil tratores neste ano. Estamos muito ligados com o setor de cana e pretendemos trabalhar em parceria. Os estoques de açúcar estão baixando no mundo todo e o preço deve apresentar recuperação no mercado internacional a partir do próximo ano. Isto pode alavancar o segmento", diz o diretor.
Outra cultura que mostra recuperação e deve ser expressiva para a recuperação na venda de máquinas, na opinião dos executivos, é a citricultura.
Data de Publicação: 02/05/2014 às 19:20hs
Fonte: DCI
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